24 julho 2011

Computadores ainda não esgotaram possibilidades para reconhecimento

George Cavalcanti - Cin-UFPE (Foto: divulgação)


Imagine a cena: uma cliente para em frente à vitrine, olha o produto com calma, mas não entra na loja. Pior ainda para o estabelecimento, até considera ir embora. Hoje, a menos que o sinal de desagrado seja muito óbvio e expansivo, o vendedor não sabe a razão da rejeição. Agora imagine o mesmo cenário, mas, simultaneamente, dentro da loja surge na tela do computador a sugestão: "Trocar produto. Sinais de desagrado com a cor”. Imediatamente a loja faz a troca na vitrine. A cliente sorri. Simultaneamente, na tela do mesmo computador o vendedor vê: “Sorriso de aprovação. Potencial de venda”. A cliente entra e faz a compra.

Soa meio ficção científica? Pode até ser, mas estamos caminhando para esta possibilidade. Com o feedback imediato identificado pelas expressões do rosto, está cada vez mais próximo o dia em que computador será capaz de ler nossas reações com apenas um olhar ou entortar do canto da boca. Isso, graças à biometria, o braço da ciência que estuda como ‘medir’ ou identificar os seres vivos e que tem sido cada vez mais aplicada à Tecnologia da Informação.

O casamento tecnológico da computação com a biometria permite identificar a característica pessoal ou comportamental de cada um, de forma que ajude a autenticar o usuário em uma rede de computadores, por exemplo. Será que o dia que um computador pensará como nós está mais próximo? “É preciso treinar o sistema, mas não é impossível”, garante o professor George Cavalcanti, do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, o CIn.
Cavalcanti e sua equipe trabalham no desenvolvimento e pesquisa de uma área disputada em todo mundo: o de um software de reconhecimento de faces ainda mais ágil e capaz que os demais do mercado.

Nós não percebemos isso, mas as fotos digitais que vemos em imagens são, para o computador, uma matriz cheia de números. Dentro destes algoritmos, o computador é induzido a identificar o que é a face ou o ângulo que significa um sorriso, etc. “Há pouco tempo jamais sonharíamos que uma máquina pudesse fazer este tipo de identificação, hoje o mistério é bem menor”, diz o professor.

Globo Universidade - Biometrica CIn (Foto: divulgação)Pesquisas ainda não esgotaram possibilidades
(Foto: Divulgação)

A facilidade não reduz o desafio. As pesquisas da área superam 30 anos, mas ainda não esgotaram as possibilidades. Hoje, a maioria das câmeras, como nossa visão, são treinadas para visualizar em duas dimensões e por isso – para os computadores – problemas de iluminação, rotação da face e oclusões como chapéus e óculos, interferem na matriz. Como o 3D ainda é um recurso caro e demorado, as pesquisas tentam superar as dificuldades técnicas deste avanço. “Nós temos duas câmeras enquanto o computador, uma única”, compara Cavalcanti. “Por outro lado, jamais veremos alguns espectros de luz que as lentes da câmera vêem: como o infra-vermelho, por exemplo”.

Basicamente para detectar uma face os computadores trabalham com duas etapas: a do reconhecimento e a da verificação. O reconhecimento é o que nos permite ver quem é quem e precisa ser alimentada especificamente. A partir destas informações, é possível verificar a autenticidade quando a pessoa se identifica. Se for de acordo com o que está registrado, é confirmada a identidade. Soa muito rudimentar se comparada à capacidade de reconhecimento humana. “A estratégia de alimentação dos dados no nosso cérebro é diferente da que aplicamos nos computadores”, reconhece o professor. Como a ciência ainda não solucionou o mistério, o paradigma permanece o mesmo. “Sabemos que precisamos de mudanças grandes mas assim que soubermos como é, replicaremos no computador”, assegura ele.

A utilidade deste avanço tecnológico pode ser aplicado à interatividade (exemplo da reação de um consumidor e uma vitrine), ao entretenimento (jogos, TV), à interface do usuário com a máquina e à segurança. De qualquer forma, os sinais são claros de que pode não estar tão distante o dia que o computador pensará quase como nós. E como Cavalcanti lembra: “se considerarmos que a estimativa é que 60% do nosso cérebro são dedicados à visão, lembramos que dá muito trabalho para enxergar”, brinca.

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